
DANOS MORAIS E MÁ FÉ
uma mostra cineclublística de péssima reputação
Talvez você já tenha ouvido falar. Num bar, talvez, entre duas cervejas só mais ou menos geladas, ou ainda num esbarrão casual, numa conversa atravessada, quando alguém jura ter estado lá. Mas a verdade é: ele não existe. Ao menos, não de forma que sua existência possa ser provada. A Estação Godot, dizem, tem várias portas. O Cinematographo seria uma delas. Suas sessões, segundo a lenda, ocorrem em porões, garagens, salas vazias, sindicatos selvagens, salões de grande prestígio que não fazem ideia do que estão abrigando.
Não há cartaz, nem bilheteria. Os filmes exibidos não não constam em catálogo nenhum. Versões que não deveriam existir, cópias que foram oficialmente destruídas, obras inacabadas por morte ou censura ou simples terror do próprio realizador ao ver o que havia criado. Danos Morais & Má Fé é a mostra inaugural. Há quem diga que ela está sempre em curso, neste exato instante, em algum lugar que ninguém sabe nomear.
Três nomes: Lucas Rosa, Marina Lins, Fabrício Rossato Fagundes. Talvez sejam pseudônimos. Talvez sejam pessoas reais que negam qualquer envolvimento se perguntadas diretamente. Talvez sejam o mesmo indivíduo operando sob três máscaras. Ou, quem sabe, uma manifestação tardia do deus eslavo Triglav. Curadores ou criminosos? Depende de quem pergunta.
Cinema como lâmina, como febre, como crime não arrependido.
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Próximos filmes

Ninfomaníaca: Volume 1 (2013)sáb., 20 de dez.Estação Godot
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No fim da sessão, quando as luzes se apagam e o mundo real tenta retomar o controle, há um último gesto de resistência: você pode ajustar a arrastar as cadeiras de volta ao lugar. E quem quiser pode ir além.
Porque tudo isso — a curadoria que ninguém pediu, a organização que opera sem organograma, as comidas veganas que alimentam conspiradores, as bebidas que tornam as conversas possíveis ou insuportáveis dependendo da dose, as faxinas que apagam vestígios, as manutenções de equipamento roubado, doado ou simplesmente encontrado, os impressos que existem apenas para serem espalhados em mesas de bar estratégicas — custa alguma grana. Não muito. Mas custa.
A contribuição é livre, anárquica, espontânea. Pode ser uma vez, pode ser sempre. O dinheiro vai para onde precisa ir. O importante é que venha do mesmo impulso que trouxe você até aqui: o desejo de manter nosso delírio vivo por mais uma sessão.
Frequência
1 vez
Mensal
Valor
R$ 20
Outro



Filmes que já exibimos


Sempre um curta surpresa
antes da sessão
Numa dessas reuniões que tecnicamente não aconteceram, alguém afirma ter ouvido que as vozes do Colégio Invisível das Serpentes Mnemônicas decidindo que apenas projetar apenas o filme prometido era covardia. Então, veio a decisão, estúpida e inevitável: antes do longa (ou dos dois longas), sempre haveria um curta surpresa. Sem aviso, sem coerência, nem piedade.
Às vezes, o curta conversa com o filme principal, compartilha o mesmo delírio estético, o mesmo gesto do diretor, o mesmo sintoma histórico. Outras vezes, não. E o choque é justamente o ponto. O que importa é o atrito: provocar, desalinhar o olhar, acender faíscas no debate e, de quebra, testar a resistência da plateia. Pode ser um lampejo de sessenta segundos ou uma epifania que se arrasta por meia hora. O público nunca sabe.
Alguns desses curtas sobrevivem às sessões como fragmentos de sonho que se recusam a morrer e reaparecem, reencarnados, em vídeos perdidos em portais como YouTube, onde continuam assombrando quem tiver a curiosidade (ou o azar) de encontrá-los.






















